DICAS DA SEMANA

segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Carta ao Papai Noel



Chegou a hora da Homenagem aos ANIVERSARIANTES DO MÊS DE DEZEMBRO, e como é tempo de festas em que diversos símbolos são lembrados, resolvi fazer uma carta ao emblemático Bom Velhinho.
       


Querido Papai Noel...

Fonte: https://br.freepik.com/fotos-premium/maos-femininas-escrevendo-carta-de-
amor-para-o-dia-dos-namorados-em-uma-mesa-de-madeira-branca_1578824.htm

“Sei que fazes parte de um mundo imaginário que, tenho certeza, foi criado com a melhor das intenções, porém, como bem sabemos, qualquer boa intenção pode ser deturpada num mundo corrompido quando o egoísmo, a insanidade, etc. de alguns entram em jogo.
Seria muito bom se realmente existisses porque assim as crianças pobres teriam condições não só de ganhar um presente, mas de se sentirem iguais a todas as demais sem que houvesse distinção de raça, cor, classe social...
A ingenuidade e a pureza delas as impedem de entender que jamais poderia existir um ser tirano que, embora elas tenham sido boas e obedientes, deixa de entregar aquilo que desejavam ou mereciam e que brinda com presentes bem melhores outras crianças tolas, mimadas e rebeldes.
Elas são tão pueris e inocentes que não pensam nesses contrastes nem na incoerência de um Bom Velhinho que age dessa forma.

Bem, de qualquer forma, sua criação não é de todo ruim, porque ao menos isso faz com que as crianças menos favorecidas possam sonhar como todas as outras – nesse momento todas se tornam iguais”.
      

Amigos aniversariantes,
O Papai Noel de fato não existe, mas o Papai do Céu sim; por isso peço a Ele que os cubra de bênçãos durante toda a existência de vocês e que nos próximos anos possamos comemorar novamente mais um ano de vida que Ele concede a nós (também faço aniversário em dezembro e me sinto homenageada  - risos).
Eu os AMO e desejo felicidade a vocês!

FELIZ ANIVERSÁRIO A TODOS!!!   



quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

O Príncipe da Paz!!!




Em tempo de festas é bom falar do aniversariante que nem sempre tem espaço na farta e abastada mesa de muitos, assim se faz presente na simples e singela ceia de poucos. 

Por certo, como cristãos, anunciamos o Menino Deus a todo o instante, porém na época em que o mundo se volta para Ele a vantagem é bem maior; e nessa temporada marcada por uma passageira e instantânea paz, eu vos anuncio:

O Príncipe da plena paz![1]

Fonte: https://www.paulinas.org.br/loja/esperanca-57-paz#!prettyPhoto


É interessante que até quem tem um coração “duro” se deixa envolver por um clima festivo e reflexivo na época de Natal, mudando inclusive de postura pelo menos no mês de dezembro, mas o que faz fluir em nós um comportamento tão diferente dos meses anteriores?

Para alguns essa “bondade” toda é hipocrisia; para outros a benevolência é espécie de "magia" que paira no ar ainda que o consumismo fale mais alto... o triste é que logo voltamos à realidade impiedosa e cruel da Terra dos Homens de boa vontade.

Uma realidade expressa num Brasil violento com derramamento de sangue, extermínio populacional de tendência para o crime, para as drogas e para a prostituição; não à toa temos mais de 63 mil pessoas mortas somente em 2017, ônus do alto índice de criminalidade no país: um cenário triste e lastimoso capaz de furtar a esperança que se tem de um futuro melhor e abafar a diminuta paz que ainda paira em nós.


Antigos conflitos

Na Palestina, no tempo em que Deus enviou Seu filho para mostrar a verdadeira e constante paz, o cenário não era muito diferente do que vivemos hoje, milhares de pessoas também eram vítimas de todo tipo de violência como nos dias atuais, porém Cristo nasce para dar expectativa de mudança àqueles que nEle acreditam.

Crer no Senhor traz uma súbita e transitória paz que envolve os seres humanos e os leva a abrirem seus corações à sensibilidade do Divino, tornando-se mais recíprocos e interdependentes, até que venha a perene e definitiva paz.


Novas posturas

Ao seguirmos Jesus passamos a ter atitudes não só em um determinado período do ano, mas durante todo tempo, ajudando a mudar realidades por meio de atos dignos de quem segue o Mestre. Os seguidores do Messias são chamados de pacificadores, assim com a paz com que foram reconciliados ao Pai pela Cruz de Cristo podem promovê-la onde vivem e por onde passam; portanto, ao receber esse presente dos céus, a igreja brasileira precisa promover paz como um sinal do que está por vir e como prova de que realmente tomou posse dela.

Enquanto o Grande Dia não chega, a quietude recebida é momentânea e passageira, até que venha o Seu Reino – o shalom de Deus – e se converta paz plena e perpétua que envolverá a todos numa nova vida com Ele. A vocês que estão sem esperança, eu anuncio o único capaz de proporcionar tudo isso: Jesus – o príncipe da paz.













[1] Eu e o irmão e amigo Andrey Soares, que assina o https://www.alemportal.com/, trocamos umas figurinhas e... eis o texto. 







domingo, 23 de dezembro de 2018

Jesus nasce quando agimos como Ele



Fui convidada pelo Ministério da Criança e do Adolescente de nossa IAP a compor uma peça que abordasse o nascimento de Jesus nos dias de hoje e como seria a reação mais comum das pessoas... No início achei bem difícil falar disso e as muitas tarefas e viagens não deixavam minha mente raciocinar sobre o assunto, então rascunhei umas coisinhas e pedi a professora da classe dos adolescentes que se sentisse à vontade para modificar o texto.
Depois fiquei imaginando que  
Jesus nasce quando agimos como Ele
Fonte: http://domtotal.com/noticia/1244183/2018/03/mesa-lugar-da-solidariedade-e-do-encontro/ 

Um dia Cristo nasceu, não temos uma data certa; as pessoas resolveram comemorar seu nascimento no dia 25 de Dezembro. Imagino que se vivesse nos nossos dias, ficaria tão chocado quanto na época em que viveu: fome, violência, egoísmo, opressão, maldade, corrupção... Contudo deu alento aos menos favorecidos; pregou a paz e fraternidade; liberou perdão e, sobretudo, amou incondicionalmente.
Vamos imaginar agora como seria se Ele se personificasse em um mendigo:

O nascimento de uma criança é sempre celebrado mesmo no lar menos abastado; mas uma jovem sem recursos deu à luz a um menino, não foi tirada nenhuma foto pelo celular, apenas reparou fleches reluzentes no céu em uma estrela que brilhava mais que o normal.

Anos se passaram e aquele menino já crescido andava pelas ruas a esmolar. Estava próximo a um shopping quando percebeu que duas primas comemoravam, entre uma guloseima e outra, a compra de um iPhone de três mil reais na Black Friday. Ele lhes pediu algo para comer e elas não deram ouvidos àquele reles pedinte.

Logo em seguida ouviu uma mocinha falando à amiga que acabava de chegar de viagem do exterior e tinha renovado todo o seu guarda-roupa e o do irmão. Disse também que o belo casaco que trajava lhe que custou uma pequena fortuna, mas que não se arrependia de ter comprado. O menino pede a ela algo para vestir ou pra se aquecer, mas as duas dão de lado e continuam a conversa interrompida.

Num outro dia, lá estava o pobre menino mendigando perto de uma arena movimentada; os jogadores que derramavam copos de água mineral sobre o rosto suado nem sequer ligaram quando ele pediu um pouco do precioso líquido para saciar sua sede.

...chega a noite de Natal; ele sabia que as famílias se reuniam para comemorar o nascimento do Menino Deus e pensou que seria uma boa oportunidade das pessoas demonstrarem o verdadeiro sentido daquela festa, embora acreditasse que todos dos dias são propícios para se fazer o bem. 
   
Perambulava pelas ruas até que parou na frente de uma casa onde uma senhora idosa andava de um lado pra outro desejando Feliz Natal, querendo cear e comemorar com os presentes a noite tão festiva, porém todos estavam muito ocupados com celulares na mão e a mente e o coração bem longe da figura do menino que homenageavam.

Ele se sentou e fez sua prece...
Quando os sinos da cidade tocaram e o relógio da praça marcava meia noite, aquela senhora foi ao seu encontro com agasalho, água e comida para presenteá-lo; a anciã se aconchegou ao seu lado, brindou com ele o nascimento de Jesus e ficaram horas conversando sobre suas vidas...


O nosso dia a dia é marcado por muitas tarefas; somos bombardeados de informação e vivemos em afazeres intermináveis... já não temos tempo pra conversar com Deus, pra um bate-papo pessoal, tudo é muito relativo e passageiro. Ficamos horas on-line com "amigos" virtuais, mas não prestamos atenção naqueles que conhecemos e que estão do nosso lado. Ficamos horas plugados nas redes, mas não passamos um minuto em sintonia com o Pai...
Pense nestas palavras: “Tive fome e não me deste de comer; tive sede e não me deste de beber; estive nu e não me vestiste...”, pois esse Jesus comemorado por muitos no Natal afirma que quando fazemos a um dos pequeninos, a Ele O fazemos.

Tenhamos cuidado, Cristo pode se apresentar a nós como um mendigo e o que temos a oferecer? 
Pensemos nisso...

domingo, 9 de dezembro de 2018

Somos um corpo...



Estive bastante pensativa sobre o que poderia escrever pra homenagear vocês, meus queridos ANIVERSARIANTES DO MÊS DE NOVEMBRO, aí folheando a Palavra de Deus me deparei com os escritos do apóstolo São Paulo aos coríntios e achei por bem dizer a vocês que  


SOMOS UM SÓ CORPO
                                    Fonte: http://www.iluminalma.com/img/il_romanos12_4-5.html


Quando nos deparamos com as palavras de Paulo (I Co 12), percebemos que estava havendo uma dissensão entre os irmãos daquela localidade, certamente uns estavam “se achando” mais que outros...
Somos diferentes é fato: alguns de vocês não têm o mesmo posicionamento político que eu; não tem o mesmo gosto musical; não possuem a mesma religião; não pensam da mesma forma; enfim, cada um é tão singular e somos tão plurais que acabamos entrando em divergência por algum motivo, porém nada disso nos faz melhor que o outro porque só somos nós nessa coletividade.
Diferenças à parte, formamos um corpo. Posso ser mão e você ser braço, mas somos juntos; posso ser perna e você ser pé, mas somos juntos... e nesse juntar constituímos algo maior e muito melhor: eu diria que somos uma composição extraordinária que chamo de HUMANIDADE.

Muito obrigada, amigos e amores por me fazerem humano, por fazerem quem sou. Se sou é porque vocês são comigo; sozinha eu seria apenas uma mão ou uma perna, jamais um CORPO. Com vocês EU SOU!!!


FELIZ ANIVERSÁRIO!!!


sábado, 17 de novembro de 2018

Minha vida por um fio...



ECOS DA ETERNIDADE

texto III


No dia 10 de novembro (2º sábado do mês), comemoramos na nossa igreja Adventista da Promessa O DIA DA MULHER PROMESSISTA... Na ocasião, relembramos os feitos dessas mulheres valorosas que muito fazem a obra do Mestre.

Dando sequência à série Ecos da Eternidade, trazemos mais uma voz que ecoa em nossas vidas: uma mulher prostituta, de vida sofrida e excluída da sociedade provando que o bem muitas vezes vem de onde menos se espera.     



Minha vida por um fio...



   Fonte: http://novotempo.com/amiltonmenezes/audios/o-cordao-vermelho-da-graca/



“Alguns seguidores do Mestre podem achar que não passo de alegoria ou que talvez não devesse entrar para o rol das personagens da Bíblia Sagrada por minha condição primeira, mas Deus não vê como vê o Homem, pois conhece o nosso íntimo[1].

E quando minha vida estava por um fio, por um fio de escarlata esse Deus me resgatou, e um ato simples, que poderia passar despercebido para quem tem falta de visão, tornou-se um grande feito e embora meu estado nauele momento não me permitisse, passei a ter meu nome reconhecido na História e pude fazer parte não só do povo de Deus, mas tive a honra de ser contada na genealogia do nosso Salvador Jesus.

Tudo começou há muito tempo em Jericó, uma das cidades mais prósperas e abastadas da época, cujo muro era considerado indestrutível pelo seu povo e que se vangloriava de ter os mais valorosos guerreiros das redondezas que perfilavam as suas ruas orgulhosos de suas glórias e medalhas.

Nesse tempo, minha modesta “hospedaria” vivia cheia desses e de muitos outros homens que procuravam diversão em bebidas e em orgias fora de casa... Era assim que eu sustentava minha família, pois era uma mulher que não havia nascido na nobreza, que conhecia a face mais vil da fome e da pobreza extrema e que não "conhecia" de fato nem a Deus nem outra forma de ganhar a vida.

Mas um dia tive um encontro com o Pai Eterno... Ele não olhou pra minha condição nem me julgou por meu atos, do contrário: Ele me aceitou como estava até que eu mesmo entendesse que precisava mudar.

Deus esperou o meu tempo, não me apressou... e me usou como instrumento nas Suas mãos, mostrando aos Homens que pode fazer do improvável uma fonte de vida e que jamais se deve considerar impuro o que Ele purificou[2].

Não fui escolhida aleatoriamente, o Senhor conhecia o meu coração e como tudo que Ele faz é perfeito, sabia que eu me encontrava em um ponto estratégico: minha casa ficava na entrada da cidade, bem no muro, além disso, como prostituta que era, recebia todo tipo de gente, do nobre ao plebeu, então conhecia as histórias de toda aquela gente de Jericó.

Não deu outra: quando os dois espias foram enviados pelo seu líder Josué[3], o Deus Todo-Poderoso os conduziu até a minha humilde casa, porque eu seria, com certeza, uma excelente fonte de informação para aqueles homens.

Como sou muito visada, pelas condições que citei anteriormente, a notícia chegou aos ouvidos do Rei que logo enviou seus soldados para sondar se o que haviam dito era apenas boato ou verdade, afinal, a nossa cidade era fortificada e segura, mas se isso tivesse acontecido, entenderia que alguém havia furado o bloqueio dos seus homens e que sua cidade estava vunerável.

Mesmo sabendo do risco que corria, tive temor a Deus e escondi os espias no meu terraço e disse aos soldados do rei que de fato haviam estado comigo dois homens estrangeiros, mas partiram tão logo anoiteceu... Estremeci quando começaram a procurá-los por toda parte, porém Deus não os deixou encontrar seus filhos e nem atentarem contra mim.

Os homens do exército de Jericó se foram... rapidamente, subi até os israelitas e professei minha fé em Deus; contei a eles tudo o que podia servir para tomarem a cidade; falei também o quanto todos, apesar de parecerem fortes e corajosos, estavam apavorados com a notícia de que os israelitas, povo do Deus vivo, estavam nas redondezas, pois eu e toda a Jericó sabíamos da soberania do Todo-Poderoso[4] e, por fim, que eu cria na promessa do Senhor em dar toda aquela terra ao povo de Israel e no porvir a vida eterna na Terra Prometida.

Os espias de Josué me perguntaram como eu gostaria de ser recompensada por tê-los ajudado e poupado suas vidas. Pedi-lhes que quando o Senhor os fizesse herdar a cidade de Jericó, derrubando seus muros e destruindo a cidade, dessem-me a vida também, fazendo com que eu e os meus familiares tivéssemos a oportunidade da comunhão com o verdadeiro Deus.

Apesar de pertencer àquele povo idólatra e perverso e de viver uma vida que não agradava ao Pai, eu reconhecia que só Ele é o Senhor. Eles então me instruíram dizendo o que eu deveria fazer, firmamos um pacto e oramos a Deus, agradecendo pela Sua infinita misericórdia[5].

Desse dia em diante, o Senhor mudou a minha sorte; casei-me com um israelita e tive um filho chamado Boaz[6], tornando-me, assim, tataravó do Rei Davi de onde viria a raiz de Cristo – o prometido de Israel”.  

   







[1] Romanos 8.27.
[2] Atos 10.
[3] Josué 2. 1-2.
[4] Josué 2.11.
[5] Josué 2. 4-19.
[6] Mateus 1. 5-6.


domingo, 28 de outubro de 2018

Eu lavo as minhas mãos...


Ecos da Eternidade
Texto II


É interessante pensarmos que o fato de nos eximirmos de algo nos faz isentos do erro (ou acerto)... Ledo engano!

A omissão pode se constituir inclusive crime, porém, seja qual for o tipo de “negligência” cometida, quem mais será afetada com isso é a nossa consciência, portanto muito cuidado ao dizer:

“Eu lavo as minhas mãos”

      Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2010/05/lavar-maos-acalma-consciencia-apos-tomada-de-decisao-diz-estudo.html

“Há muito tempo aconteceu um fato que me tirou o sono: encontrei-me entre a cruz (literalmente) e a espada, e o que fiz?

Lavei minhas mãos!

Um certo judeu, por nome Jesus, cujos fiéis seguidores O consideravam um Deus, era severamente rejeitado pela maioria das autoridades judaicas que O amarraram e O trouxeram até a mim para julgá-lo[1].

Na época, eu era praefectus (prefeito), um governante da província romana da Judeia entre os anos 26 e 36 d.C. e Herodes governava a Galileia, motivo pelo qual, após primeiro julgamento, enviei Jesus, o galileu, para ser julgado por ele que não vendo motivo para condená-Lo, escarneceu dEle e O enviou de volta a mim[2].

Meu relacionamento com os judeus não era bom: eles me achavam violento, duro, de conduta abusiva e promíscua, mesmo assim incumbiram a mim essa árdua tarefa. Não entendi porque além dessa conturbada relação, sabiam o quanto eu era cruel com os prisioneiros e me tinham como Tirano.

Aí fiquei me perguntando: por que eles mesmos não fizeram esse julgamento?!

A alegação foi que, segundo suas leis, eles não tinham direito à vida de ninguém[3], não poderiam matar uma pessoa... e lá estava eu diante de uma “sinuca de bico” tendo de um lado Cristo, um inocente, e de outro uma multidão cheia ódio e cegada pelos interesses das autoridades que O invejavam[4] e que incitava o povo a querer sangue.  

Iniciei novo interrogatório insistindo que o Rei dos Judeus se defendesse daquelas acusações sem fundamento, mas nada dizia que O condenasse ou O inocentasse. 

Era um caso extremamente difícil e eu precisava ter muita astúcia para sair daquela situação embaraçosa, afinal sabia que não havia mal algum naquele homem[5], como condená-Lo sem me indispor com o povo, com as autoridades judaicas e com as autoridades romanas?

Tive a ideia de mandar acoitá-Lo e O exibi todo ensanguentado com uma coroa de espinhos na cabeça para ver se eles se contentavam com a barbaridade que cometi e se dessem por atendidos, no entanto, a ira os levava a gritar ainda mais alto por Sua condenação.

O que estava acontecendo com aquele povo religioso e crédulo?! 

Eu não conseguia entender que uma gente tão pacata que vivia sob o rigor de nós romanos fosse capaz de insanidade maior que a nossa!!! 

Para evitar o pior, propus, como sempre o fazia na festa da Páscoa, que escolhessem a liberdade de um dos Jesus - o Messias ou o Barrabás (um conhecido agitador e interventor da seita dos zelotes que já havia sido várias vezes presos por arruaça e conspiração contra o Império Romano), e assim lhes dei a chance de se redimirem do erro que estavam comentendo, no entanto, sem hesitar o povo escolheu soltar o salteador.

Fiquei estático... 

Nesse ínterim, Claudia Prócula, minha esposa, mandou-me um recado dizendo para eu não me envolver nessa questão porque em sonho sofreu por aquele judeu e tinha certeza de que era inocente[6]. Eu também sabia disso! 

Senti um mal presságio...

Para desencargo de consciência, perguntei novamente quem gostariam que eu soltasse, mas eles gritavam enlouquecidamente: Queremos Barrabás!!!

Mais estarrecido fiquei e me perguntava que crime Cristo havia cometido para ser tão odiado? Pelos comentários que haviam feito dEle, soube que fez milagres, curou enfermos, libertou pessoas atomentadas... 

Restava saber então o que queriam que eu fizesse e, meio atônito e temeroso, inqueri a multidão para saber, mas já prevendo uma dura pena pelo olhar de ódio e de fúria com que aqueles judeus fitavam o Cristo, um homem da mesma raça deles, e responderam: Crucifica-O! Crucifica-O!

Minha carne estremeceu...

Atormentado com tamanha crueldade, visto que a crucificação era a pior das mortes, fiquei perplexo porque eram muitas as críticas contra a minha pessoa pelo rigor com que eu e todo o império romano tratávamos principalmente prisioneiros, como agora me pediam pra cometer tamanha atrocidade contra um inocente?!

Articulei rapidamente uma forma de contentar a multidão e os líderes judeus e não contrariar meus superiores, que esperavam de mim uma atitude diante das situações difíceis de um governo, também não gostaria de dar motivos para Herodes me depreciar. 

A Lei deles me levou a essa situação e ela seria a minha saída.

Havia na tradição judaica uma lei que dizia que os crimes misteriosos que acontecessem às proximidades de uma cidade inocentavam seus líderes caso “lavassem suas mãos” em público declarando nada a ver com o ocorrido[7].

Nós os romanos não temos esse costume, mas o ato seria algo bem significativo para os judeus e com isso entenderiam minha intenção: Eximir-me da culpa, afinal o que eu tinha a ver com a insensatez e a demência daquela gente?!

Foi o que fiz!

Pedi uma vasilha com água e uma toalha e na frente de todos disse que não era responsável pela morte daquele homem, e num gesto ainda mais insano a multidão gritou: Que o sangue dEle caia sobre nós e sobre nossos filhos![8].   


Esse episódio me fez conhecido no mundo todo, mas de nada me valeu tanta fama diante da minha covardia e fraqueza; isso me trouxe apenas a tormenta de ter feito parte da maior injustiça que essa Terra pode presenciar e minha consciência não me deixava dormir, porque aquele homem era verdadeiramente o Filho de Deus; na nossa conversa em particular, pude constatar isso. 

Na ocasião, falei da minha autoridade de livrá-lo se Ele quisesse e mesmo todo ensanguentado, sentindo as dores daquele suplício, serenamente com mesma mansidão e brandura de sempre me disse que eu só estava tendo autoridade sobre Ele, porque Deus havia me dado[9]... Que ser humano faria isso numa situação tão desfavorável?

Estremeci!!!

Tentei com todas a minhas forças soltá-LO convencendo a multidão, mas a pulsilanimidade não me deixou voltar atrás! e embora minha esposa seja até hoje venerada pela Igreja Ordodoxa e eu me tornado santo em igrejas etíopes e coptas, carrego a dor e o desatino de ter me acovardado diante do julgamento de um inocente”.



Quando nos deixamos cegar pelo ódio e pela ira, damos lugar ao Diabo e não exercermos o fruto do espírito (domínio próprio) nos tornando presa fácil...

Cuidemos para não sermos culpados da crucificação de Cristo!!! 












[1] Mateus 27.1-2.
[2] Lucas 23. 7-12.
[3] João 18. 31.
[4] Mateus 27. 18.
[5] Lucas 23. 4.
[6] Mateus 27. 19.
[7] Deuteronômio 21.1-9.
[8] Mateus 27.24-25.
[9] João 19.7-11.