Minha
sobrinha Milla Ágata morou durante um tempo na França; sua mãe, minha irmã mais nova,
vendo o progresso dela na língua francesa e preocupada com as dificuldades que pudesse vir a ter ao falar o português, perguntou se ela não havia se esquecido do
idioma e ela respondeu: "Mãe, eu ainda sei falar brasilês!".
Eu falo brasilês
"Nada é mais humano do que a língua que
falamos"
Marcos Bagno
Cheguei
à conclusão de que não falo português, pois quando digo "Te amo!" a "gramática"
vem e me corrige afirmando que não se inicia frase com pronome oblíquo átono.
Se
isso for verdade, ninguém vai me dar algo quando eu pedir "Me dá isso" nem pedindo por favor!, pois se trata da "mesma regra" e aí vem o pensamento
de que não sei falar meu próprio idioma e de que a língua que falo não é essa
dita pelas "normas".
Por
outro lado, se eu for seguir a risca o que está dito (ou ditado!) vou dizer "Amo-te!"
e isso soa tão falso e artificial que o "tiro sairá pela culatra", e
o que é pior, meu amor jamais vai acreditar em mim...
O
que mais me impressiona é que há tantos grupos de combate ao bullying, mas as pessoas parecem alheias ao pequeno número de linguistas que luta pela não
discriminação da língua; e o que é pior: os usuários cada vez mais ouvem as
vozes que fazem o contrário e a marginalização aumenta acreditando-se num falar
"padrão" do tempo das caravelas de Cabral...
Onde fica a variação
linguística afinal?!
Se
é assim, eu falo mesmo o "brasilês", língua com a qual interajo todos
os dias com brasileiros que manejam a língua com uma habilidade impressionante - sem erros (por favor!).