DICAS DA SEMANA

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Brasilês - a nossa língua



Minha sobrinha Milla Ágata morou durante um tempo na França; sua mãe, minha irmã mais nova, vendo o progresso dela na língua francesa e preocupada com as dificuldades que pudesse vir a ter ao falar o português, perguntou se ela não havia se esquecido do idioma e ela respondeu: "Mãe, eu ainda sei falar brasilês!".  

  



Eu falo brasilês

"Nada é mais humano do que a língua que falamos"
Marcos Bagno


Cheguei à conclusão de que não falo português, pois quando digo "Te amo!" a "gramática" vem e me corrige afirmando que não se inicia frase com pronome oblíquo átono.

Se isso for verdade, ninguém vai me dar algo quando eu pedir "Me dá isso" nem pedindo por favor!, pois se trata da "mesma regra" e aí vem o pensamento de que não sei falar meu próprio idioma e de que a língua que falo não é essa dita pelas "normas".

Por outro lado, se eu for seguir a risca o que está dito (ou ditado!) vou dizer "Amo-te!" e isso soa tão falso e artificial que o "tiro sairá pela culatra", e o que é pior, meu amor jamais vai acreditar em mim...  

O que mais me impressiona é que há tantos grupos de combate ao bullying, mas as pessoas parecem alheias ao pequeno número de linguistas que luta pela não discriminação da língua; e o que é pior: os usuários cada vez mais ouvem as vozes que fazem o contrário e a marginalização aumenta acreditando-se num falar "padrão" do tempo das caravelas de Cabral...

Onde fica a variação linguística afinal?! 

Se é assim, eu falo mesmo o "brasilês", língua com a qual interajo todos os dias com brasileiros que manejam a língua com uma habilidade impressionante - sem erros (por favor!).










14 comentários:

  1. Bom dia Esther!
    O seu depoimento é muito interessante, o qual me chama muita atenção, com sua preocupação com a linguística.

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  2. Como linguista e professora da área, muito me preocupa a forma de o povo pensar a língua e, principalmente, o ensino. Ainda postarei outros textos relacionados a isso. Aguarde!

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  3. Olá, professora, sou sua aluna na turma de Pedagogia a tarde, 3ª semestre UEPA.
    A gramática normativa serve para padronizar a escrita. E a linguística, mostra como ela é.
    Posso entender dessa forma?

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  4. Professora, achei muito legal seu depoimento, exemplifica essa briga constante que nós brasileiros enfrentamos com a Dona Gramática diariamente.
    Sou aluna de Pedagogia a tarde, terceiro semestre UEPA.
    Débora Pompeu De Brito.

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  5. Achei bem interessante sua abordagem,pois deixa bem claro a diferença entre o português falado e o escrito,que muitas das vezes e alvo de confusão entre muitos professores e alunos,também gostei de descobrir que o português usado por nos diariamente para interagirmos com o outro se chama Brasilês.
    Aluna Elizandra Soares turma de Pedagogia - Matutino terceiro semestre.

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  6. Sou aluna de pedagogia, vespertino, 3°semestre. Achei interessante a abordagem do texto pois retrata a confusão que a nossa língua nos causa. Dúvidas ao escrever e falar.

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  7. Achei o texto muito bom e aborda um desafio que enfrentamos diariamente que é a gramática do Português de Portugal que somos obrigados a dominar e a linguagem informal que usamos no dia a dia.
    Aluna Cinthia Pinheiro Pereira, Pedagogia, terceiro semestre, vespertino.

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  8. Rafa, a coisa é muito mais séria do que vc imagina... devemos combater o bullying contra a língua, o NORMA pra mim é o que é normal, não o que uma gramática milenar me diz que é normal. Em sala poderemos conversar melhor.

    PREPARE-SE PARA O DEBATE!

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  9. Seu texto mostra bem a confusão que é o português na gramática e o português que é falado pelos brasileiros. Lembrando que essa gramática faz parte da herança deixada pelos portugueses. Tanto tempo já se passou desda colonização.
    Será que a gramática não deveria passar por umas renovação para se adequar ao brasilês?

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  10. E diga-se de passagem, Débora, embora não pareça, mas a GRAMÁTICA PERDE FEIO par nós, manejadores e manipuladores da língua. Nós, os usuários, é que fazemos a língua ser o que é algo maleável, lindo, preciso... e não essa coisa enrijecida que querem a todo custo que engulamos!

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  11. Elizandra, na verdade FALA e ESCRITA são um continuum, as duas modalidades têm caractrerísticas que se revesam... há gêneros escritos que mais parecem falados e vice-versa! É a versatilidade do nosso BRASILÊS!!! (risos)

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  12. Oi, Wisterfani, a gramática passa por cosntante renovações possibilitadas pela dinâmica da língua... mas como falantes, não percebemos.

    Analise e veja como tanta coisa já mudou desde a colonização!

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  13. Professora,quem inventou esse neologismo

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    1. Oi, querida.

      Perdão não responder antes... Quem inventou esse neologismo foi a Milla, minha sobrinha - filha da minha irmã caçula.


      Ela é fantástica!!!

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