DICAS DA SEMANA

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Vida de professor



Seguem as homenagens ao professor - classe que, ao longo dos anos, sofreu um desprestígio e, com muita luta, tem buscado reconquistar seu espaço e se firmar em um país onde a Educação é relegada a segundo plano.



                                                               (Patronesse da turma de História UEMA/CEO)   


PROFESSOR DO SÉCULO XXI


Nada, diretamente, contra o ensino tradicional (teve o seu tempo e sua contribuição), nós mesmos, professores do século XXI, fomos educados nele; mas ainda hoje, quando o mundo necessita da participação atuante desse profissional, ele parece cada vez mais propagar a “velha” doutrina tradicionalista, muito mais por não saber o que fazer com a modernidade do que por aceitar essa forma de mediar o ensino e ajudar os alunos a se tornarem sujeitos do saber.

Muito material e pesquisa de qualidade têm-se produzido no país em todos os ramos da ciência; os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) foram editados há quinze anos e após quase duas décadas nos deparamos com um profissional apático e insensível às mudanças.

Acredito que agora é a hora de uma educação para o pensar, um ensino voltado para o coletivo e o individual; não podemos sustentar, em um mundo globalizado, uma educação retrógrada e ineficiente que aceite “dinossauros” dirigindo aviões e "homens das cavernas" ditando as regras da língua.

Nós, professores, precisamos “acordar” para o novo século que se descortina e refletir um pouco mais sobre nossa atuação, sobretudo no que se refere às nossas habilidades e competências.

  Gostaria de comentar, antes de falar das HC, sobre como têm agido, especificamente, os professores de língua portuguesa, área em que atuo.

Como dizia, após alguns anos de implementação dos PCN, o que se vê, em termos de trabalho com a língua portuguesa, é muita teoria e pouca (pouquíssima) prática de nossa parte (e autoridades competentes também).

O professor de português ainda não se deu conta de que ENSINAR a língua, ou melhor, TRABALHAR a língua é desenvolver junto aos alunos a interação e seus conhecimentos discursivos e linguísticos (desenvolver as competências e habilidades: ouvir, falar, ler e escrever) e não perpetuar a doutrina opressiva da gramática tradicional (em que se trabalha a parte e não o todo).

O próprio professor, que deveria combater o preconceito linguístico, é o primeiro a difundi-lo admitindo que seus alunos, bem como um enorme número da população, não sabem português, escrevem e falam “errado” (como se fosse possível errar sua própria língua).

Esse e outros preconceitos são disseminados em sala de aula (todos os dias), não é sem razão que os alunos dos diversos níveis dizem constantemente: “Eu não sei português”, “Eu não gosto de português”, “Eu falo muito errado”, “Eu escrevo errado”, “Português é difícil”.

Que espécie de falantes nativos estamos formando, então?

As condições de trabalho, o salário e tantos outros problemas, como falta de investimento na educação, não podem ser desculpa para as aberrações que ocorrem no nosso meio; o aluno é um ser humano que espera de nós (muitas vezes, é a única “fonte de informação” que possui).

Quando vamos olhar para o futuro e valorizar nosso trabalho?

Quando vamos perceber que o trabalho com a língua em uso, respeitando as condições de produção é nosso passaporte para um ensino de qualidade a que tanto almejamos?

Com relação às demais áreas, creio que devemos ensinar para a vida; os saberes difundidos e trabalhados em sala devem ser significativos e ter alguma serventia ao longo da estrada da vida.

   (Quinteto fantástico da FACI)



HABILIDADES E COMPETÊNCIAS DO PROFESSOR

Quanto às habilidades e competências, conversaremos, à priori, sobre quatro delas:

Ø   A capacidade de inovação e liderança;

Ø   A capacidade de gestão de informações para uso futuro;

Ø   A capacidade de utilizar tecnologias para ambientes tradicionais e virtuais;

Ø   A capacidade de comunicação e relacionamento interpessoal.

Eu as elegi porque penso o quanto são importantes na vida de um professor, e aproveito o ensejo para lembrar de um grande educador brasileiro, Paulo Freire, que dizia não ter medo de "ser amoroso". Ele, mesmo sem ter ouvido falar desses conceitos, amou seus alunos e conhecia, como ninguém, a arte da interação interpessoal – diria que ele tinha a capacidade de enxergar um outro ser do outro lado e amá-lo.

Em termos gerais, necessitamos da capacidade de inovação e liderança. Um professor que não administra bem seu espaço, não consegue enxergar além das quatro paredes da sala de aula e do quadro, não pode ser considerado um educador.

Como ele irá despertar e motivar o espírito empreendedor do aluno se ele mesmo não inova? Como irá “guiar” um grupo de pessoas, se não sabe liderar? Guiando às cegas já temos já os políticos e tantos outros profissionais em nosso país (que é outra história e daria muito "pano pra manga"... é melhor parar por aqui!).

Porém, com certeza, o maior responsável pela mudança de um povo é aquele que “educa” todos os outros profissionais; este deveria ser o primeiro a desenvolver o espírito inovador e de liderança, a fim de contagiar os outros.

O professor do século XXI precisa, também, ter a capacidade de gestão de informações para uso futuro (tanto para o seu, quanto para o dos alunos). O que ele ministra em sala necessita repercutir no futuro dos educandos; é preciso fazer sentido as informações que traz para os alunos.

De que me servirão as operações matemática, a coesão e coerência textual, o conhecimento acerca corpo humano, do ambiente, das regiões...?

Além de gerir bem a informações, o professor necessita da capacidade de utilizar tecnologias para ambientes tradicionais e virtuais. Usar bem os instrumentos que alicercem seu trabalho é fundamental; trabalhar com a Internet a seu favor; buscar nas dinâmicas de grupo e nas “brincadeiras” do cotidiano meios de subsidiar as informações é ter certeza de alcançar os seus objetivos, é ser eficaz com eficiência, e isso nos faz sentir realizados. As tecnologias vêm para somar, bom para aquele que está “antenado” e sabe fazer uso dos mesmos a seu favor.

Todavia, de todas as capacidades aqui apresentadas, muito me preocupa o professor que não possui a capacidade de comunicação e relacionamento interpessoal. Saber que o ensino é uma via de mão-dupla (você ensina e aprende com você mesmo e com o aluno), ter a sensibilidade de reconhecer um ser humano do outro lado é fantástico!

O professor que consegue isso é admirável!

Reconhecer o coletivo e a individualidade nesse coletivo, comunicando para todos e para cada um, faz dele um mestre na arte de comunicar e de interagir. A interação deve fluir de maneira agradável. É tão bom quando terminamos uma aula sem ouvir o famoso (e de muito mau gosto) jargão, ou bordão: “... por hoje!”.

Todas essas capacidades, somadas ao amor que temos pelo o que fazemos, certamente nos levarão a um ensino melhor e, quem sabe, quando estivermos aposentos não estaremos por aí palestrando sobre a experiência de ter sabido conduzir os trabalhos em sala de aula como verdadeiros maestros de orquestras sinfônicas!

Foram tantos instrumentos e músicos, todos diferentes e com funções definidas, mas todos com uma finalidade – tocar a música da arte de ensinar!

Essa música vale a pena ouvir, seeeeempre!

A começar por mim...





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