DICAS DA SEMANA

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

O beijo de Judas...



Em postagem anterior, falamos sobre o beijo e sua simbologia e vimos que, de maneira geral, o beijo é uma demonstração de afeto e causa bem-estar em quem dá e em quem recebe; mas, comumente, regras têm exceções...

Baseado em dois fatos envolvendo beijos na face[1], produzimos a seguinte crônica:


O beijo de Judas...




Havia muitos corredores. Estávamos no berço dos Jogos Olímpicos; os melhores do mundo estavam ali.

Mantive-me calmo e concentrado, nada de agonia nem de precipitação; eufóricos seguiam na frente em marcha dobrada, porém eu corria quilômetro a quilômetro na certeza de que a vitória poderia ser minha.

Vez por outra admirava o público que lotava a avenida, mas meu foco era a chegada. Pouco a pouco vi companheiros se entregarem ao cansaço; outros lutavam para se manterem em marcha. O alvo estava próximo. Alguns ainda resistiam e eu estava sereno, confiante e liderava a prova.

Seguia firme, quando de repente, num ímpeto, alguém me agarra e me beija a face, provavelmente acreditando que, como o mestre, eu poderia me sair daquela situação... Todavia, estou longe de me comparar ao Deus onisciente que sabia da traição por um beijo. Quanto a mim, jamais imaginei que isso pudesse acontecer numa prova tão tranquila cercada de segurança por todos os lados.

Procurei me desvencilhar do fanático que precisa desse tipo de atitude pra ter seus momentos de fama; creio que não imaginava que assim estava destruindo um sonho de anos de muito esforço e de muito trabalho. Não acredito que fez isso pensadamente; não acredito que o fez propositalmente...

Com ajuda, consegui voltar ao caminho, mas... já era tarde. O susto, a surpresa e a desconcentração me puxavam para trás e outros parceiros tomaram a dianteira.

Consegui uma medalha, mas meu objetivo foi quebrado por um beijo – o beijo de Judas.        
















[1] A traição de Judas quando entrega Jesus aos romanos e o caso do irlandês Neil Horan ao atrapalhar a performance do maratonista brasileiro Vanderlei Cordeiro nos Jogos Olímpicos de Atenas em 2004.

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