Seguem as homenagens ao professor - classe que, ao longo dos anos, sofreu um desprestígio e, com muita luta, tem buscado reconquistar seu espaço e se firmar em um país onde a Educação é relegada a segundo plano.
(Patronesse da turma de História UEMA/CEO)
PROFESSOR
DO SÉCULO XXI
Nada, diretamente, contra o ensino tradicional (teve o seu tempo e sua
contribuição), nós mesmos, professores do século XXI, fomos educados nele; mas
ainda hoje, quando o mundo necessita da participação atuante desse profissional,
ele parece cada vez mais propagar a “velha” doutrina tradicionalista, muito
mais por não saber o que fazer com a modernidade do que por aceitar essa forma
de mediar o ensino e ajudar os alunos a se tornarem sujeitos do saber.
Muito material e pesquisa de qualidade têm-se produzido no país em todos
os ramos da ciência; os Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCN) foram editados há quinze anos e após quase duas décadas nos deparamos com
um profissional apático e insensível às mudanças.
Acredito que agora é a hora de uma educação para o
pensar, um ensino voltado para o coletivo e o individual; não podemos
sustentar, em um mundo globalizado, uma educação retrógrada e ineficiente que
aceite “dinossauros” dirigindo aviões e "homens das cavernas" ditando
as regras da língua.
Nós, professores, precisamos “acordar” para o novo
século que se descortina e refletir um pouco mais sobre nossa atuação,
sobretudo no que se refere às nossas habilidades e competências.
Gostaria de comentar,
antes de falar das HC, sobre como têm agido, especificamente, os professores de
língua portuguesa, área em que atuo.
Como dizia, após alguns anos de implementação dos PCN, o
que se vê, em termos de trabalho com a língua portuguesa, é muita teoria e
pouca (pouquíssima) prática de nossa parte (e autoridades competentes também).
O professor de português ainda não se deu conta de que
ENSINAR a língua, ou melhor, TRABALHAR a língua é desenvolver junto aos alunos
a interação e seus conhecimentos discursivos e linguísticos (desenvolver as
competências e habilidades: ouvir, falar, ler e escrever) e não perpetuar a
doutrina opressiva da gramática tradicional (em que se trabalha a parte e não o
todo).
O próprio professor, que deveria combater o preconceito
linguístico, é o primeiro a difundi-lo admitindo que seus alunos, bem como um
enorme número da população, não sabem português, escrevem e falam “errado”
(como se fosse possível errar sua própria língua).
Esse e outros preconceitos são disseminados em sala de
aula (todos os dias), não é sem razão que os alunos dos diversos níveis dizem
constantemente: “Eu não sei português”, “Eu não gosto de português”, “Eu falo
muito errado”, “Eu escrevo errado”, “Português é difícil”.
Que espécie de falantes nativos estamos formando, então?
As condições de trabalho, o salário e tantos outros problemas,
como falta de investimento na educação, não podem ser desculpa para as
aberrações que ocorrem no nosso meio; o aluno é um ser humano que espera de nós
(muitas vezes, é a única “fonte de informação” que possui).
Quando vamos olhar para o futuro e valorizar nosso
trabalho?
Quando vamos perceber que o trabalho com a língua em
uso, respeitando as condições de produção é nosso passaporte para um ensino de
qualidade a que tanto almejamos?
Com relação às demais áreas, creio que devemos ensinar
para a vida; os saberes difundidos e trabalhados em sala devem ser
significativos e ter alguma serventia ao longo da estrada da vida.
(Quinteto fantástico da FACI)
HABILIDADES
E COMPETÊNCIAS DO PROFESSOR
Quanto às habilidades e competências, conversaremos, à priori,
sobre quatro delas:
Ø
A capacidade de inovação e liderança;
Ø
A capacidade de gestão de informações para uso futuro;
Ø
A capacidade de utilizar tecnologias para ambientes
tradicionais e virtuais;
Ø
A capacidade de comunicação e relacionamento
interpessoal.
Eu as elegi porque penso o quanto são importantes na
vida de um professor, e aproveito o ensejo para lembrar de um
grande educador brasileiro, Paulo Freire, que dizia não ter medo de "ser
amoroso". Ele, mesmo sem ter ouvido falar desses conceitos, amou seus
alunos e conhecia, como ninguém, a arte da interação interpessoal – diria que
ele tinha a capacidade de enxergar um outro ser do outro lado e amá-lo.
Em termos gerais, necessitamos da capacidade de
inovação e liderança. Um professor que não administra bem seu espaço, não
consegue enxergar além das quatro paredes da sala de aula e do quadro, não pode
ser considerado um educador.
Como ele irá despertar e motivar o espírito empreendedor
do aluno se ele mesmo não inova? Como irá “guiar” um grupo de pessoas, se não
sabe liderar? Guiando às cegas já temos já os políticos e tantos outros
profissionais em nosso país (que é outra história e daria muito "pano pra
manga"... é melhor parar por aqui!).
Porém, com certeza, o maior responsável pela mudança de
um povo é aquele que “educa” todos os outros profissionais; este deveria ser o
primeiro a desenvolver o espírito inovador e de liderança, a fim de contagiar
os outros.
O professor do século XXI precisa, também, ter a
capacidade de gestão de informações para uso futuro (tanto para o seu, quanto
para o dos alunos). O que ele ministra em sala necessita repercutir no futuro
dos educandos; é preciso fazer sentido as informações que traz para os alunos.
De que me servirão as operações matemática, a coesão e
coerência textual, o conhecimento acerca corpo humano, do ambiente, das
regiões...?
Além de gerir bem a informações, o professor necessita
da capacidade de utilizar tecnologias para ambientes tradicionais e virtuais.
Usar bem os instrumentos que alicercem seu trabalho é fundamental; trabalhar
com a Internet a seu favor; buscar nas dinâmicas de grupo e nas “brincadeiras”
do cotidiano meios de subsidiar as informações é ter certeza de alcançar os
seus objetivos, é ser eficaz com eficiência, e isso nos faz sentir realizados. As
tecnologias vêm para somar, bom para aquele que está “antenado” e sabe fazer
uso dos mesmos a seu favor.
Todavia, de todas as capacidades aqui apresentadas, muito
me preocupa o professor que não possui a capacidade de comunicação e
relacionamento interpessoal. Saber que o ensino é uma via de mão-dupla (você
ensina e aprende com você mesmo e com o aluno), ter a sensibilidade de
reconhecer um ser humano do outro lado é fantástico!
O professor que consegue isso é admirável!
Reconhecer o coletivo e a individualidade nesse
coletivo, comunicando para todos e para cada um, faz dele um mestre na arte de
comunicar e de interagir. A interação deve fluir de maneira agradável. É tão
bom quando terminamos uma aula sem ouvir o famoso (e de muito mau gosto) jargão,
ou bordão: “... por hoje!”.
Todas essas capacidades, somadas ao amor que temos pelo
o que fazemos, certamente nos levarão a um ensino melhor e, quem sabe, quando
estivermos aposentos não estaremos por aí palestrando sobre a experiência de
ter sabido conduzir os trabalhos em sala de aula como verdadeiros maestros de
orquestras sinfônicas!
Foram tantos instrumentos e músicos, todos diferentes e
com funções definidas, mas todos com uma finalidade – tocar a música da arte de
ensinar!
Essa música vale a pena ouvir, seeeeempre!
A começar por mim...