DICAS DA SEMANA

segunda-feira, 31 de março de 2014

Barco Esperança - homenagem ao Pr. Guilherme Pinheiro




              Guilherme Pinheiro é um grande amigo, um "paizão" na verdade, durante vinte anos ele foi presidente da Região Norte em nossa igreja (Adventista da Promessa). Em sua despedida, tive a honra de organizar o cerimonial e de escrever, em sua homenagem, uma crônica como se fosse ele passando o cajado de sua gestão para o próximo condutor dessa missão.

              Hoje, quero registrá-la aqui em comemoração aos 60 anos da nossa igreja na Região Norte, nascimento esse que, segundo suas palavras, teve o prazer de embalar...     


  

                                                       
BARCO ESPERANÇA


O Barco Esperança está ancorando, mas antes de pararmos no porto seguro, revivamos alguns momentos dessa viagem:

Em 1988, a viagem a qual denominei: Barco da Esperança, iniciou-se.
Nunca imaginamos que ela seria tão longa. Eu, Guilherme Pinheiro, peguei o timão com confiança, pois tive certeza de que Deus o seguraria comigo; tive também a ajuda providencial do meu imediato, o sogro e amigo Pr. Santana que pelejou comigo as lutas do mar bravio e da calmaria dele.

A missão veio direta de São Paulo, de um outro grande amigo e companheiro de mar, Pr. Miguel Correa, como somos todos marinheiros de Deus e estamos sempre às ordens para navegar, aceitei o desafio de comandar o Barco Esperança.

Na primeira reunião com a tripulação, lancei o lema “A união faz a força”, afinal, nunca havia pilotado nem ao menos uma canoa e agora precisava comandar um grande navio. Essa tripulação me ajudou bastante e vez por outra, ela se renovava, mas eu estava sempre ali no comando. Louvo a Deus por ter colocado pessoas certas no convés, na popa, na proa, nas cabines... e “unidos vencemos”.    

O barco seguia em frente, atravessou oceanos, desbravou mares e a cada nova lua, firmava-me na certeza de que o Deus dos mares havia me colocado nele, senão fosse assim, jamais teria tido sucesso algum, pois as águas nos reservam muitas surpresas, suas ondas e marés podem nos sucumbir, fazendo-nos naufragar.

Deus também foi muito bom comigo, dando-me uma adjutora leal e confiante, nunca me deixou esmorecer nem cochilar no timão, durante esses cinco mandatos, exatamente vinte anos de gestão, só na Região Norte, carregamos juntos o peso e a responsabilidade de comandar um barco desse porte.

Ah, CELINA, como você foi importante! Ah, meus filhos e meus netos amados, vocês também foram fundamentais! Nas horas mais difíceis de um lobo do mar, por mais que sua tripulação o ajude, é na família que ele encontra descanso para ancorar; a família é o nosso verdadeiro porto seguro.


Não tenho a pretensão de me parecer com Deus, embora sejamos sua imagem e semelhança, mas quando se está no comando, usamos sempre os “haja”. Meu haja mais significativo foi: “haja separação dessas águas” e Deus me concedeu a graça de repartir as águas em Região Amazônica e do Baixo-Amazonas. Isso aliviou minha lida, mas não a fez menos difícil. O mar é traiçoeiro e muitas lutas vêm...

Nessa viagem perdi companheiros importantíssimos em maremotos e tempestades, porém o baque mais duro das ondas violentas foi, sem dúvida, a perda do meu filho e sucessor, GUILHERME JUNIOR. Impossível não me emocionar nesse momento!

Superamos essa prova e tantas outras porque temos Deus e acreditamos na redenção e na ressurreição, mas a saudade é eterna. Durante meus primeiros mandatos, eu o ensinei a pilotar. Ele estava sempre comigo observando minha forma de conduzir a tripulação, às vezes dava opinião e quando minha mão fraquejava, amparava-me como se eu fosse o filho... O Junior era assim, mais que um companheiro; estava sempre atento à minha maneira de comandar o Barco Esperança e aprendia com facilidade, pois estava no seu sangue o prazer de servir a Deus pilotando e desde cedo ele aprendeu a lidar com o leme.

É... aprendemos muito com as adversidades e elas às vezes deixam marcas profundas e difíceis de cicatrizar; do mar tiramos nosso alimento, jogamos a rede para pescar almas para o reino de Deus e ele nos tira amigos, parentes e irmãos.

Não posso dizer, como Deus, que tudo que fiz vi que era bom; minha gestão teve altos e baixos; reconheço que houve falhas e algumas coisas fugiram do meu controle, todavia trabalhei incessantemente para superá-las. Creio que foi muito bom o investimento feito com os novos templos, a 1ª igreja e o escritório regional, o amparo legal que os pastores passaram a ter, enfim, olhando para trás, percebo que quase tudo que fiz foi bom.

Mas agora, deixo aos meus companheiros e sucessores um legado de boa administração, empreendedorismo e honestidade; acredito que não sou insubstituível, o Barco Esperança vai ancorar e em breve estará navegando novamente nesse marzão de Deus, sob o comando de outro marinheiro, porém tenho certeza de que serei sempre lembrando de diversas maneiras, uma delas é ter sido o único comandante a pilotar o mesmo barco por vinte anos.

Dizem que deixarei um grande vazio, mas nosso piloto maior – o Deus dos mares, comandante dos comandantes – estará com quem quer que esteja à frente dele e não deixará que esse vazio possa atrapalhar Sua obra e o navegar do barco. Já me sinto cansado e só tenho vontade de dizer como Paulo: “terminei a carreira e guardei a fé”.

Muito obrigado meu Deus, muito obrigado irmãos em Cristo!

Despeço-me com um até logo à tripulação, aos companheiros, aos parceiros e a todos dessa região abençoada por Deus. Vou ficar aqui neste porto e rogo a Deus que continue com vocês e os abençoe e os guarde e faça resplandecer o Seu rosto sobre vocês e dê a todos a cada dia a Sua bendita paz!











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