Um ditado simples pode dar "muito pano pra manga", por isso, um alerta para os que têm "a língua solta":
Será que o que você está dizendo é mesmo "da boca pra fora"?!
Da boca pra fora
Uma reflexão para os que
têm a língua solta
Você
já parou pra analisar a expressão “da boca pra fora”?
É
interessante como certos ditados e jargões passam de "boca em boca" e
muitas vezes são reproduzidos sem nenhuma reflexão, mas eles estão aí na "boca
do povo" e por isso resolvemos refletir um pouco.
É
sempre bom conhecer a história de um adágio popular para o entendermos melhor. Diz-se que a expressão surgiu há séculos como forma de desculpa: quando uma pessoa ofendia outra dizia: “Perdoe-me, foi da boca pra fora”. Mas para
mim, há algo errado nisso, pois seu significado na teoria não bate com
o da prática.
Com certeza, nós o utilizamos para desfazer o que dissemos, porém não deveríamos ter dito. Se analisarmos bem, na verdade estamos escamoteando o que realmente pensamos e dizemos... O termo não pode expressar “sem querer”, do contrário, é exatamente o que dizemos "por querer".
E para nos ajudar nisso, há inúmeras passagens bíblicas, convidando-nos a frear esse pequeno órgão[1]; por trás de uma expressão tão antiga e “inocente” jaz uma desculpa mentirosa, uma espécie de engodo para nós mesmos e para quem ofendemos com palavras (mal)ditas num momento (im)pensado[2].
Pode até parecer zelo excessivo ou atitude extremada... Não creio!
Aqui estamos apenas analisando um termo corriqueiro sob nova ótica, porque somos sempre tentados a falar alguma “bobagem”; e se nos desculpamos com o “da boca pra fora”, estamos “pondo em jogo” uma série de fatores que nos condenam por nossas próprias palavras: o significado da expressão, o teor dela e a profundidade desse ato, uma vez que falamos daquilo que está cheio o nosso coração[3].
Era acerca disso que Jesus falava aos escritas e fariseus quando estes criticaram seus discípulos por não lavarem as mãos antes de comer... Cristo retrucou dizendo: “o que entra não contamina o Homem, pois desce para o seu ventre e é lançado para fora”[4], explicando que as palavras sim, saindo "boca à fora", podem contaminar (envenenam, destroem, desfazem relações...), porque vêm de dentro de nós.
Se elas vêm direto do coração, de dentro do Homem e são lançadas pela vontade dele, logo é algo que se faz por vontade própria, porque “lá no fundo”, por menor que seja, esse desejo é externado.
Então não saia por aí falando “tudo que lhe vem à cabeça”, existe um órgão lá no seu peito que faz com que as palavras “venham à tona”. Elas podem machucar, ferir, causar danos...[5]. Quem é sábio e prudente não sai por aí falando “o que lhe dá na telha” mas “mede bem as palavras”[6].
A propósito, há um dito árabe que diz: “Deus nos deu dois ouvidos e uma boca para que ouçamos mais e falemos menos”. Assim, “pense duas vezes” antes de falar algo “da boca pra fora”...
De
qualquer forma, adepto ou não desse ditado, nossa intenção não foi simplesmente
uma crítica a ele (isso foi só um pretexto), mas um alerta para o que estamos
falando “do coração para fora”.